Onde está a saúde?

06/09/2011 21:21

Nos dias atuais, a saúde está em alta. Nos últimos anos, a mídia televisiva, impressa e por todos os lugares nos deparamos com orientações acerca da alimentação correta, cuidados com a pele, o corpo, a rotina de vida, etc. Para quem está realmente na busca pela saúde não faltam opções, profissionais, dicas e cursos. Obviamente, é deveras positivo assistir à humanidade transformando seus valores e tornando-se mais conhecedora e consciente quanto à forma de se cuidar. Porém, ao ouvir certos ensinamentos védicos oriundos de textos milenares, ocorreu-me que a busca desmedida pela saúde também pode revelar um outro extremo de desequilíbrios de ordens diversas.
Analisando a situação sob a ótica do yoga, as preocupações excessivas com o corpo e até a mente não deixam de retratar o apego pela matéria, pela ilusão de quem Eu sou. O corpo físico é perecível como tudo que faz parte desse Universo. O Universo é mutante e não obstante todos os seus integrantes também o são, incluindo-se os seres humanos. Ou seja, destruição e renovação fazem parte dessa dança cósmica do Universo. Buscar a perfeição, mesmo em nome da saúde, é encontrar frustração ou viver na hipocrisia, reconhecendo que não a alcançamos e fingindo para nós mesmos.
Se nos dedicarmos a buscas mais simples, talvez tenhamos mais êxito no resultado desse processo. Por exemplo, quando estamos numa aula de yoga devemos perceber que lá estamos para conhecermos alguém muito especial: nós mesmos! Ou seja, vejo muitas pessoas ocupadas com trabalho, família, em constantes consultas médicas, mas sem dedicar seu tempo ao que realmente traria resultados expressivos, cuidar de si mesmos buscando conhecer quem se É, desde a forma mais simples como quando numa prática de yogasanas nos é sugerido fecharmos os olhos e respirarmos para que possamos nos voltar para dentro de nós mesmos. Como diz a esfinge egípcia, temos que nos decifrar antes que o tempo nos devore. Para nos decifrar, temos que procurar e explorar o enigma do que é estar por aqui e agora. Os livros de Yoga nos falam que a solução desse enigma está dentro de nós e que, num estado de meditação, iluminados pela prática, podemos vivenciar essa solução. Mas, para isso, o praticante tem que dar 100% de si, 99% não é suficiente. Tudo tem que estar incluído. Ou seja, temos que estar conscientes de todas as partes do corpo físico, temos que estar conscientes da maneira como respiramos, temos que desenvolver foco. A prática do Yoga não é feita para o “biceps”‘ ou o “abdomen”. Yoga é tudo ao mesmo tempo AGORA. É óbvio que a prática pretende estimular o aluno a desenvolver sua saúde física através da execução das posturas, incentivando uma alimentação apropriada, mas, principalmente, visa promover energia para sairmos da inércia e procurarmos o que queremos. Com a evolução, o Yoga visa estimular o aluno a acessar os ensinamentos contidos nos mais variados textos filosóficos, tão antigos mas também tão atuais, para obter sabedoria. Com sabedoria, podemos sintonizar nossa mente em algo mais iluminado do que, por exemplo, as manchetes dos jornais. E com saúde física, energética e mental podemos assim ter uma visão mais clara da nossa verdadeira natureza. É aí que reside a nossa chance de obter a tão buscada SAÚDE.
Os Vedas, o corpo de conhecimento mais antigo de nossa civilização, nos ensinam que a Criação nos fala, entre outras coisas, que a vida nos leve da ilusão para viver a Realidade. E o que vem a ser a Realidade? Há quem saia à busca de um guru a fim de desvendar a Realidade. Há quem busque posições sócio-profissionais “seguras” com a finalidade de ter um trabalho e uma vida Real, mesmo que isso agrida sua natureza e aptidão natural. Minha experiência me diz que o que o caminho do Yoga preconiza: a única pessoa que pode te mostrar a Realidade é você mesmo! Viver o que é Real é uma aventura que não podemos terceirizar. Acredito que a nossa vida só começa quando achamos o que é o nosso Real propósito.

Namaste!